11 DE SETEMBRO: CALMA NO MEIO DA CRISE
Quando a fé e a acção se mantêm paralelas
À medida que se vai escrevendo a história dos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos, ouvimos relatos de vivências que nos fazem voltar às Escrituras, ou aos pés do Pai Celestial. Todd Beamer é protagonista de uma delas.
Naquela manhã, Todd embarcou no voo 93, da United Airlines, a caminho de Washington, D.C. O avião, um boeing 757, caiu em Pennsylvânia. Morreram todas as 44 pessoas a bordo.
Todd, funcionário da Oracle Corporation, tinha 32 anos. Casado com Lisa, tinham dois rapazes, o David (4 anos) e o André (18 meses). Na altura, o casal esperava o terceiro filho.
Todd e Lisa haviam-se conhecido durante os seus estudos no Wheaton College, onde se licenciaram em 1991.
A bordo do 757, Todd conseguiu ligar o telefone do avião para uma operadora da companhia aérea. Nessa conversa, de cerca de 15 minutos, Todd descreveu calmamente a situação. A bordo estavam três piratas do ar, dois dos quais armados com facas. Os passageiros estavam conscientes de que dois aviões tinham sido projectados sobre as torres do World Trade Center e um outro sobre o Pentágono. Todd disse que um grupo de passageiros tentaria retirar o controlo do avião aos piratas do ar. Naquele clima de tensão máxima, Todd pediu à operadora para o acompanhar numa oração. Ela concordou. Eles oraram: "Pai nosso que estás nos céus..." Depois Todd recitou o Salmo 23: "O Senhor é meu pastor..." e gritou: "Jesus, ajuda-me!" A última coisa que a operadora pode ouvir, logo depois, foi a voz de Todd, gritando aos colegas passageiros: "Estão prontos? Vamos! (Let´s Roll). Todd e um pequeno grupo de passageiros tentaram reassumir o controlo do avião. O voo 93, da United Airlines, acabaria num campo de Pennsylvânia. As autoridades estão convencidas que este acto de extrema coragem impediu que o avião tenha sido projectado sobre o alvo dos piratas (talvez a Casa Branca).
Quando Tood ligou à operadora ele fez três coisas cruciais. Falou com Deus e recitou a Palavra de Deus. Depois, Todd gritou "Vamos!" Nas palavras do seu pastor, Warren Bird, "aquelas duas frases - clamando por Deus e depois avançando pela fé, representam aquilo que Todd era de facto, tanto no seu pequeno grupo, como líder jovem, como marido e como um crente no mundo do trabalho".
Em 5 de Outubro de 2001, numa carta enviada pela Casa Branca à universidade, podia ler-se: "Wheaton College mantem-se firme pelas coisas que permanecem: pela fé, pela integridade, e pelo serviço aos outros. Foram esses valores que ficaram expressos na vida e no sacrifício de Todd Beamer."
O professor Jim Plueddemann, daquela escola, costuma contar aos seus alunos que a vida cristã se assemelha a uma linha de comboio, com dois carris. Um destes carris ilustra a nossa fé, o nosso conhecimento, aquilo em que cremos. O outro carril ilustra a nossa vivência, o nosso comportamento, em obediência ao Senhor. Estes carris devem manter-se sempre paralelos - crer na Palavra e obedecer sempre à Palavra. Se estes carris deixarem de ser paralelos... é a queda.
Nas palavras de Lisa, "Todd viveu cada dia procurando tomar pequenas decisões que estivessem de acordo com os propósitos que tinha para a vida. As acções que assumiu em 11 de Setembro foram mais um exemplo disso mesmo. Obviamente, estas foram das mais difíceis decisões que ele tomou, mas ele pode tomá-las nesse dia porque praticou cada dia, antes de 11 de Setembro."
O terceiro filho nasceria a 9 de Janeiro de 2002. É uma menina. Chama-se Morgan. "O que me preveniu da histeria foi conhecer a verdade - no fim, estava tudo bem... Está tudo bem com a eternidade, mesmo que aqui e agora não esteja. As fundações da minha vida ainda estão intactas"- confessou Lisa.
--Fernando Ascenso
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