UM NATAL SEM PALAVRAS PARA TODOS VÓS!
Um Natal Sem Palavras
Dezembro 2006
Texto: Mateus 1:18-25
Introdução: No livro "Bar Don Juan" Antonio Callado, famoso escritor, narra a história de um grupo de homens que estavam preocupados com o futuro e os problemas da sua terra. Reuniam-se todos os dias num bar, denominado Don Juan. Depois de muita conversa acompanhada de bebidas e petiscos cada um voltava para casa e a vida continuava. Havia muita conversa mas pouca acção. Assim também procede muita gente. Falam, falam, mas fazer absolutamente nada. Outros criticam, criticam, mas dar boas ideias e agir para melhorar, nada. Esse tipo de gente já cansa. Deus está interessado naqueles que, silenciosamente, agem de maneira fabulosa.
No texto desta mensagem, registrado em Mateus 1.18-25, vemos a história de um homem fabuloso. Não há nenhum registro nos Evangelhos de uma palavra sua. No entanto, dentre os seres humanos, pecadores, foi dos que mais alto falaram nas Escrituras Sagradas através da sua vida.
O seu nome é José, e sua mulher, Maria, e o seu filho adoptivo: Jesus Cristo, Deus Bendito. José era descendente da casa real de David Mt 1: 16-20; Lucas 2:4], nasceu em Belém. De origem modesta, vivia do que ganhava como simples operário [na Galileia, em Nazaré, cf. Lc 2, 4]. Teria já uma certa idade quando desposou Maria. A sua dignidade aparece resumida nestas palavras: «que era justo» [Mt 1:19]. Com isto, pretende-se afirmar que José se dedicou fielmente ao papel sublime que lhe foi confiado: guardar o maior tesouro de Deus na Terra, Jesus.
As Escrituras mencionam a fuga para o Egipto [Mt 2:13] e o regresso [Mt 2:19-20]. O momento de maior dificuldade da vida de José terá sido quando se viu tentado a deixar a sua noiva [Mt 1, 18-25; Lc 1, 27]. Mas é exactamente nesse conflito, entre os seus direitos e os seus deveres, que revela a sua grandeza. Esse sofrimento – que ficou narrado nesta bela história da vinda de Jesus ao mundo – tinha de ser ultrapassado, visando a um bem maior: José é a testemunha menos suspeita do nascimento virginal do Redentor [Lc 2, 4-5].
Analisem bem o carácter de José. Nós não temos muitas porções bíblicas sobre a pessoa de José, mas nós sabemos que Deus teria de escolher uma pessoa decente, honrada, que pudesse ser um exemplo e um espelho para o Senhor Jesus na sua criação. Se fosse alguém com o carácter deturpado, se fosse alguém cheio de desvios de comportamento, ele não seria um bom espelho para o Senhor Jesus (e mesmo ele não sendo o pai biológico, ele seria o espelho dentro de casa). Depois, na história da Redenção, José passa modestamente a segundo plano. A Escritura nem sequer menciona a sua morte.
O que é que este homem silencioso nos ensina?
I – O SILÊNCIO DE JOSÉ NA GRAVIDEZ DE MARIA
"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivesse antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo. Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente."(Mt 1.18,19). Em primeiro lugar a Bíblia nos mostra a justiça de José. Embora estivesse desposado de Maria, o que exigia a lei judaica, no entanto não haviam coabitado, o que deveria acontecer um ano depois do compromisso, soube que a esposa estava grávida. Mateus nos diz que sendo justo não quer José lançar a mulher em ultraje, uma vez que o adultério se constituía em pena de morte por apedrejamento. Prefere ele assumir a situação fugindo e recaindo sobre ele a culpa. Diz o texto que: "Enquanto ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de David, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. (Mt 1.20,21). José foi obediente à informação do anjo. Antes de sair e propalar a toda a gente a sua inocência ele "fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher."(v.24).
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Fique agora em silêncio. Pense um pouco naquelas situações em que você tem sido injustiçado ou a sua reputação e integridade têm sido mentirosamente postas em causa. Como lida com a injustiça, as insinuações, as suspeitas sobre si e sobre os seus? Ore por essas pessoas e conceda-lhes perdão neste Natal.
II – O SILÊNCIO DE JOSÉ NA MANJEDOURA
Vemos ainda José, silencioso perante a manjedoura. Lucas, no capítulo 2 nos fala de todos os acontecimentos ao redor do nascimento de Jesus. Não pense no nascimento de Jesus em termos lamechas. Como sabemos que nesta narrativa houve coros dos anjos aos pastores, o testemunho dos mesmos a José….tudo nos parece idílico. Mas manjedoura não tem nada de idílico. Já pensou em deitar-se sobre as palhas? Deve picar não? E o bafo dos animais sobre o seu filho recém-nascido? Parece-lhe agradável? E o cheiro do estrume e dos excrementos dos animais? Agradável? Ainda assim, o coração silencioso de José, guardava, como o da esposa, todas as coisas referentes aos acontecimentos.
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Fique agora em silêncio como José. Agradeça a Deus o facto de Ele estar na sua vida e de lhe dar todo o conforto que tem. Seja grato pela sua casa, os seus bens. Seja muito grato a Deus por todas as coisas que Ele lhe tem dado. Peça perdão a Deus por qualquer espírito de avareza, inveja ou idolatria de posse. Seja como José, silencioso em meio ao que tem!
III – O SILÊNCIO DE JOSÉ NA PROTECÇÃO DO MENINO. (Mt 2.13-15; 19-23)
A chegada dos Magos, à procura de Jesus, acendeu a fúria de Herodes que procurou matar o menino Jesus. Sob as ordens de Deus José deixa o conforto de Belém e de sua terra, a Judeia, e foge com Maria e a criança para o Egipto onde permanecem até a morte do rei, voltando depois para viver numa terra simples, chamada Nazaré. José, silenciosamente, se torna um instrumento activo e obediente nas mãos de Deus dando todo amor, carinho e protecção do Eterno Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo.
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Fique agora em silêncio. Ore e coloque diante Dele todas as suas inseguranças, ansiedades, perigos, instabilidades. Faça como José. Pague o preço da obediência e fique calado diante dos Herodes destes dias.
IV- O SILÊNCIO DE JOSÉ NOS EVANGELHOS E O SEU GRANDE PRIVILÉGIO
A narrativa dos Evangelhos nos mostram de forma maravilhosamente silenciosa a vida de José. Ele surge no cenário da vida de Maria e de Jesus. Oferece todo o respaldo necessário de protecção, abrigo, alimento para o Senhor Jesus. Permanece silencioso, falando alto apenas as suas atitudes e, misteriosamente, desaparece no cenário da História da Redenção. No entanto, ninguém teve maior privilégio do que ele. Protegeu e amparou o menino Jesus e o seu maior privilégio, como escreveu Max Lucado: "Ele teve o deleite de ensinar a Jesus, o Criador do mundo, como manusear um martelo." É esse tipo de pessoas que Deus procura para o Seu Reino. Que trabalhem sem estardalhaço, sem preocupação com fama, sucesso ou poder. Que trabalhem e dêem tudo, como o fez o homem que achou o tesouro no campo (Mt 13.44) ou o que encontrou a pérola de grande valor (Mt 13.45,46). Dão tudo pelo Reino de Jesus Cristo.
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Fique agora em silêncio. Quem são as pessoas a quem você está a influenciar? Quem são os seus discípulos? A quem tem ensinado, sem grandes palavras e grandes holofotes, a manusear um martelo? Ore pelas pessoas à sua volta que Deus lhe deu para influenciar. Os seus filhos, os seus alunos, os seus colegas, o seu cônjuge? Tem servido a essas pessoas, em silêncio, mas com acções que causam grande impacto? Libere o perdão se essas pessoas não têm sido reconhecidas.
Conclusão: Grande e Maravilhoso Natal poderá ser para nós este Natal de 2006 se seguirmos o exemplo dado por José. No silêncio das palavras há eloquentes atitudes.
Comments
MUITO PROFUNDO, GOSTEI EMENSO DO RACIOCÍNIO...
UM FELIZ NATAL, NA GRAÇA E PAZ DE CRISTO