MISSÃO GLOBAL 2015 – Uma Visão mais Madura depois da III Conferência de Treinamento?



Por Paulo Pascoal




A Assessoria de Missões da AEP realizou no passado mês de Março a sua III Conferência de Treinamento do projecto Missão Global 2015. Cerca de 200 líderes de 15 distritos do país participaram em diferentes seminários e sessões plenárias. A nossa alegria aumentou quando nos apercebemos de que a experiência da AEP estaria a contagiar positivamente outras Alianças Evangélicas e, devido a isso, recebemos inscrições de 8 líderes de Espanha, uma do Reino Unido, uma do Luxemburgo e 9 dos países de leste tais como Hungria, Latvia, e Eslováquia. O número de jovens líderes de Portugal fez-nos admitir que esta visão de mobilização missionária das Igrejas começa a ser compreendida até pelas gerações mais jovens.



Podemos falar de uma incorporação madura desta visão no seio das igrejas e denominações filiadas na AEP? Seguramente que sim, mas apenas parcialmente. Embora a assistência a eventos não reproduza o sentiment e o compromisso de implementação desta visão de unidade para alcançar os que ainda não conhecem Jesus, a verdade é que muitas das igrejas que constituem as principais denominações do país, estão não somente a concordar com esta visão, como dão passos concretos na implementação da mesma. Falamos de igrejas desde o espectro mais conservador às igrejas plantadas pós 25 de Abril e aos novos movimentos de igrejas. Muitas destas igrejas, mesmo sem o referirem, estão conscientes da importância do plano estratégico de alcance dos povos não alcançados e dos concelhos de Portugal sem Igreja e estão a organizar-se para cumprirem, dentro do seu âmbito, o seu papel na Grande Comissão. Ninguém mais deverá desejar trabalhar “orgulhosamente só” numa tarefa que não foi dada a uma só denominação.



Nesta última conferência de formação, foi possível descortinar maravilhosos exemplos de projectos de plantação de Igrejas em diferentes regiões do país que não olhando para as diferenças entre si, procuram articular uma estratégia conjunta para alcançar concelhos sem Igreja. São exemplos nobres os casos de Vizela, Mondim de Basto, Castro Marim, Graciosa, etc).
Um outro sinal de amadurecimento da visão proposta pela AMIS da AEP é a aceitação do pressuposto de que teremos de aprender a conviver mais amorosamente com diferentes formas de “viver” e “ser” igreja sem que se perca a natureza neo-testamentária de uma comunidade de redimidos e baptizados cujo centro é Cristo e a Sua imutável Palavra. O Seminário sobre a Igreja Orgânica foi altamente concorrido e acabou por demonstrar que essas dinâmicas estão aí, entre nós, e que também são parte do Corpo de Cristo. Do mesmo modo, os emergentes líderes “orgânicos” foram estimulados a desenvolver o seu ministério sem a necessidade tentadora de desmerecer o modelo mais institucional de viver o ministério da igreja local. Numa cultura missionária Madura, deveremos aprender a reconhecer os diferentes modelos de Igreja sem perdermos o foco do ensino bíblico sobre aquilo que constitui, de facto, uma comunidade cristã, muito mais do que alternativos modelos de liderança, e de liturgia. Uma visão Madura ajudar-nos-á a ver graciosamente as diferenças sem julgamentos e pré-juízos quanto aos motivos de cada um.

Um outro alvo que sempre tem estado presente na proposta de visão da Amis é a necessária combinação de esforços para nos tornarmos uma força missionária transcultural ao invés de eterno campo missionário, carente de todos os apoios externos. Ainda que sejamos profundamente gratos pelo esforço missionário de todos quantos o Senhor trouxe milagrosamente a Portugal, é tempo de considerar Portugal como força missionária transcultural. Na nossa última conferência fizemos algo que gostaríamos de ver acontecer repetidamente entre as igrejas portuguesas: Orar e despedir um casal de missionários que saem do país rumo a um ministério missionário entre um grupo étnico não alcançado. Foi mesmo um dos momentos mais elevados do evento! Foi emocionante podermos orar pelo casal Orei e Isabel Quemol que saíram, entretanto, para a Guiné-Bissau para alcançar a etnia Balanta. Louvado seja o Senhor!



Numa visão madura de missões, a articulação entre a plantação de igrejas e as missões mundiais acontecem frequentemente. Se por um lado ficamos emocionados com a visão rasgada de um homem como Josué da Ponte, com o seu ministério evangelístico pioneiro entre as aldeias e cidades do país, não ignoramos os 3800 povos não alcançados para onde deverão sair muitos mais “Oreis”!



A demonstração inequívoca de que algo divino está em processo é o facto de que não foi há muito tempo que um tal missionário Daniel Rezende, precursor do projecto Missão Global 2015, nos alertava para a existência de 72 concelhos sem Igreja. Pela graça de Deus, são agora 42 os locais, sedes de concelho, sem qualquer testemunho evangélico. Só uma visão madura, que pense no Reino, mais do que na bandeira denominacional, poderá dar a “arrancada” final para que toda a gente, em todo o país, tenha uma igreja saudável e acessível até 2015.



Finalmente, importa dizer que esta visão da AEP está a abençoar outras Alianças Evangélicas na Europa. O impacto da última conferência do projecto MG2015 resultou na criação de um grupo de trabalho espanhol que decidiu avançar com os valores desta visão no seu país. No Luxemburgo, na Sérvia, na Polónia, na Eslováquia, na Itália, na Grécia e em França, espera-se algo semelhante depois de terem sido contagiados com o pequeno “rastilho” de esperança num país que persiste em ser o 5º país mais pessimista do mundo.



SOLI DEO GLORIA!

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