Uma Mensagem de Natal



Título: Natal: Serviço de Entregas a Horas!
Texto: Gálatas 4:1-7
Data: Dezembro de 2007

Introdução

"...vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,"

Já imaginaram Deus como gestor de uma empresa de entregas que funciona com todo o rigor com toda a pontualidade? No Natal, aconteceu isso mesmo. Uma entrega da parte de Deus, a tempo e horas, exactamente como fora planeado. O que teria sido de nós se Deus não fosse pontual?

Já imaginaram o Deus governa e sustenta o universo ser desleixado com os horários? Como seria possível explicar que o Deus que é autor dos movimentos de rotação e translação, sempre pontuais, fosse, em algum momento, descuidado com os horários?

Nesta carta aos Gálatas, Paulo dimensiona a realidade do Natal que devemos celebrar, mostrando que Deus é Fiel e Pontual nos Seus Planos eternos.

O Grande Plano de Deus é o da Redenção da Humanidade. Deus projectou, a partir da Eternidade, o modo como salvaria o ser humano perdoando os seus pecados. Neste período, quando o Cristianismo se volta para as festividades do Natal, lembramos que o Advento, ou seja a Manifestação de Deus na Pessoa do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, é uma realidade que celebramos por um acontecimento do qual os nossos profetas e pais falaram e aguardaram com ansiedade e que chegou na hora exacta. Não troque, por favor, esta entrega, por outra qualquer coisa!

Contextualização da Passagem:

A Epístola aos Gálatas, tem como propósito explicar aos crentes de então que eles teriam muito a perder se quisessem ficar espiritualmente presos aos tempos passados, o tempo da economia da lei, ao invés do tempo da economia da graça. Se eles voltassem a todo o legalismo exigido na era da lei, isso representaria um enorme retrocesso e macularia o Evangelho da Graça.

Na era da Lei, antes de Cristo, toda a vida espiritual fora regulada por preceitos e regras com o objectivo de regular e restringir o comportamento humano pelos padrões de santidade entre a era da promessa e a era do cumprimento dessa promessa. No tempo de Jesus, os judeus piedosos reputavam a lei como um capataz cujas ordens precisavam de ser obedecidas por temor à penalidade contra a infracção.

Paulo comparou essa dispensação, nos versículos 1 a 7, à situação de uma família na qual as crianças se encontravam sob os cuidados de um “paidagogos”, usualmente um escravo idoso, a quem se incumbia a responsabilidade de prepará-las para a escola e de as conduzir rápida e seguramente ao mestre-escola, a fim de que não ficassem perdendo tempo pelo caminho ou corressem perigos.

Ora era esse o papel da Lei. Servir de “aio”, conforme 3:23-24, algo preparatório e temporário até que chegasse o tempo, o momento exacto, em que passariam a ser guiados não mais sobre a promessa de Deus, mas pelo cumprimento dessa promessa, Cristo. É por isso que o versículo 4 é tão importante…é por isso que o Natal é tão importante…

I - "Na Plenitude dos tempos..."
No "cumprimento do tempo" - "A hora exacta em que Deus havia determinado que fosse levado a cabo a redenção feita pela mão do Messias" (Mc 1.14,15). O tempo de Deus é exacto e foi exactamente na plenitude dele que o seu plano realizou.

Quando chegou o momento exacto, Deus não se atrasou! O tempo determinado pelo Pai foi rigorosamente observado! Ele não foi determinado pelas agendas e regras de homens (altura em que uma criança deixava de ser criança para passar a ser adulto e a desfrutar de todos os bens do pai – v.2), Ele veio exactamente no tempo por Ele definido em que a era da Graça passaria a sobrepor-se à era da Lei.

II - "Deus enviou seu Filho..."

Aqui dois pontos de suma importância:
1. O “Envio”. "Deus Pai enviou Deus Filho, no tempo exacto, numa importantíssima missão universalmente aplicável a todos os homens e a toda a criação. Este é um conceito comum no evangelho de João, por muitas vezes reiterado"(Jo 3.17).

O aparecimento do Descendente, que é Cristo, trouxe o cumprimento da promessa e o consequente fim da lei. Para judeus e gentios, Cristo encarnou e foi a resposta redentora para a miséria ética do homem. Ele veio e nasceu debaixo da Lei, para que pudesse redimir os que estavam debaixo da Lei e assim receberem a adopção de filhos! Esta é a grande novidade do Natal!

Paulo demonstra aqui qual a sua visão da história. Ele está convencido que a história é a progressão de eras, cada qual caracterizada por uma maneira específica de Deus tratar connosco, cada uma das quais com propósitos específicos. Cada fase da história aponta para algum propósito grandioso, ainda distante. A história para Paulo, é uma crónica espiritual e não um relato humano.


2. “O Seu Filho” – Mostra-nos a perfeita Divindade do Senhor Jesus. Esta referência subentende que o Filho de Deus era preexistente nos lugares celestiais conforme I Cor. 8:6 e Col. 1:15-17. A divindade de Cristo fica aqui implícita, e, consequentemente, a Sua origem claramente divina.

III - "Nascido de mulher..."
Logo depois de se afirmar a divindade de Jesus, Paulo mostra-nos a autêntica humanidade de Jesus Cristo. Ele é “O seu Filho" mas também “é nascido de mulher”. Fica autenticado que Jesus era: verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem.

Ele nasceu debaixo das severas exigências da Lei, mas na Sua missão, libertou-se e libertou-nos dessas exigências. Cristo satisfez as exigências da Lei e nenhum pecado foi encontrado n’Ele mas Ele elevou-nos a um plano superior, a uma economia de espiritualidade muito mais elevada que a da Lei, tendo posto fim à autoridade da lei sobre os homens, tal como um filho adulto que se torna directamente responsável para com o seu pai, e não mais sujeito às orientações de um professor, por ter alcançado a maioridade. Já tinha pensado no Natal nestes termos?
IV - "Para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adopção de filhos."
Dois conceitos teológicos de suma importância para uma compreensão do Natal muito mais rica são destacados aqui:

1. “Resgate”
Que significa reaver o que lhe pertencia por direito de Criação. Jesus veio, justamente para nos resgatar da escravidão do pecado. A redenção inclui a libertação das exigências, penalidades e condenação da Lei. Essa liberdade, por resgate, é expressa aqui pela ideia de alguém que chega ao estado de adopção, como um filho adulto.

2. “Adopção”.
Significa que aquele que era escravo, agora adoptado, se torna filho, com direito a toda herança de Deus, em Cristo Jesus. Ou ainda, a ideia de uma criança que é aceite na família com a qual não tem parentesco de sangue, mas a quem é dado todos os direitos e privilégios de um filho, incluindo a herança.

Esta filiação é obtida por meio da fé, tirando a criança de debaixo da Lei para a liberdade de uma pessoa adulta, membro da família de Deus.

Existem quatro consequências dessa relação de adopção que se tornam imediatamente evidentes:

1. Os filhos adoptados são emancipados da Lei, e não necessitam mais de reconhecer a autoridade da Lei sobre as suas vidas – Gál. 3:25

2. Os filhos adoptados ultrapassam a linha divisória que a Lei traçara, distinguindo os judeus dos gentios. Toda a distinção de classe desaparece na nova vida em Cristo – Gál. 3:28

3. Na qualidade de filhos adoptados que desfrutam de plena liberdade, tornamo-nos herdeiros idóneos a receber tudo quanto nos foi outorgado pelos recursos do Pai – Gál. 3:29

4. Como filhos adoptados, a consciência de filiação é criada em cada um dos nossos corações pelo Espírito Santo. Gál. 4:6.

Conclusão:

Como crentes em Jesus Cristo vivemos esta grande e maravilhosa realidade que muda completamente a nossa valorização do que é o Natal.

Natal é a Celebração daquilo que Deus fez por nós, ao encarnar, morrer e ressuscitar no tempo certo. Toda a nossa situação espiritual, moral, social, ética, foi radicalmente transformada pelo envio e entrega, no momento exacto, do Senhor Jesus.

Como no tempo dos cristãos da Galácia, vejo muito crente a retroceder na sua fé, ficando preso a coisas e a valores que de novo os voltam a oprimir. Já fomos libertos em Cristo, não maculem o Evangelho da Graça, sujeitando-se de novo a valores, regras, ritualismos, cerimónias, seja o que for, que vos levem a recuar no tempo e na era da Graça de Deus.

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